terça-feira, 6 de setembro de 2016




A gente passa a vida construindo...
Construimos castelos na areia, construimos amizades, amores, relacionamentos, aparência e depois se dá conta, com muita dor, que tudo se desconstrói, e você começa a tentar passar o resto da vida que lhe resta...reconstruindo.
Com os filhos é igual. Você passa a vida construindo uma relação que não tem idéia no que vai dar, porque na criação de filhos você adiciona o que vem em você com o que vem neles, o que é inerente.
Eu no momento estou tentando "construir", uma relação de parceria e confiança com minha filha de 7 anos. Essa geração é muito diferente da minha, eles tem outros valores, talvez valores nossos impregnados que passamos pra eles sem saber.
Eles também talvez estejam a um passo no futuro de nós, talvez dois ou três passos, mas vamos admitir, seja bom ou ruim, eles são bem mais precoces.
Estou aprendendo, estou apanhando, não sei o que é certo, o que é errado. Amo simplesmente e ajo, protejo, ensino conforme o que me foi ensinado e aceito no passado, conforme o que me questiono e aplico no presente.
Questiono minha filha, assim como passei a me questionar. Lógico que na sua devida proporção de idade.
Hoje ela repetiu o mesmo erro. Mentiu. E a mentira apareceu. Mentir faz parte deles, seja você uma mãe que grita e perde a paciência ou não.
Perco sim a paciência as vezes, sou humana, me estresso, me canso. Sofro por muitas vezes violência psicológica alheia, isso me altera a mente, os músculos, os nervos, o corpo todo. Por vezes e carregada de culpa, desconto nelas, e raras as vezes que isso acontece,  peço desculpas. Mas não bato! De jeito nenhum. Tenho vontade? Muita!!! Tenho raiva, to exausta, aprendo a lidar com esses sentimentos maternos, mas não bato. Não violento meus filhos fisicamente. Apanhei uma vez quando criança do meu pai e ficou marcado, e eu só fui descobrir o quanto isso me causou danos, agora.
Voltando... ela mentiu e eu descobri. Ela já havia mentido anteriormente, e ainda vai mentir muito eu sei, mas o que quero construir é essa relação de: "Estou aqui pro que der e vier". Numa briga, não é:"Quer ir embora? Vá!! E saiba que se se arrepender eu não estarei aqui!!!" E sim: "Se se arrepender, volta, que eu vou estar aqui pra te apoiar e ajudar porque eu te amo."
Sei lá se esse post parece piegas, mas é o que estou sentindo no momento, e as mães de filhos com 5 a talvez... 20 anos, me entendam!!
Olhei pra ela e perguntei: "Porque você mentiu?"
E a resposta foi a que eu previa: "Medo que você brigasse"
Novamente me questionei: O que será que estou fazendo pra ela ter medo?
Continuei:"Filha, o que te faz ter medo de mim? Se algo causa isso em você me fala pra que eu possa corrigir. A mentira faz com que eu não confie em você, é isso que você quer?"
Ela disse que não. Fiquei arrasada porque se ela tinha medo era porque eu causei isso nela.
Ela simplesmente me olhou, começou a chorar e disse que não sabia porque mentia, mas que sabia que tinha errado e que não queria errar mais. Começou a se chamar se "burra, burra"e eu intervim na hora; "Não!! De jeito nenhum você é burra. Você cometeu um erro e eu estou aqui pra te ensinar que mentir não é bacana, talvez algum momento da sua vida você precise, mas que pra mim você sempre pode falar a verdade. Se isso vai demorar mais 100 conversas, não importa, vamos conversar, mas você pode confiar em mim".
Não sei ao certo ainda o que vai sair dessa "construção", até porque tenho tanto medo de criar expectativas, a vida me ensinou tanto a não cria-las, porque é tão frustrante quando algo não sai como você previu. Digo isso em todos os sentidos da vida. Quero simplesmente a confiança, o amor e o respeito das minhas filhas, e pra isso eu não sossego, nunca paro de me questionar e buscar o material certo pra essa obra.