quarta-feira, 22 de março de 2017

Eu não me culpo mais.

Sobre não estar preparado.

Filhos são nossas sombras, nossos medos. Cada vez essa frase faz mais sentido pra mim.
É lindo, é o amor mais profundo e sincero que alguém pode experimentar, mas no fundo é um resgate tão dolorido de quem você é e de como você foi criado.
Outro dia conversando com uma amiga, ela disse que teve aulas de francês quando pequena, mas cresceu e nunca mais cursou francês. Anos depois, viajando para França ela disse que o francês fluiu como se ela nunca tivesse parado. Ela não sabia como, mas sabia se virar no Francês. Fica claro pra mim que tudo fica registrado. E essa é minha grande preocupação e responsabilidade com minhas filhas.
Filhos alienados são criados por pais alienados. A gente deixa "a vida levar", vai no fluxo, vai aprender na vida, deixa que a sociedade explique, a sociedade está doente. A tv é nociva. A internet se não soubermos usa-la, mata ou torna crianças em verdadeiros adultos imbecis.
Mas não é bem sobre isso que quero falar nesse post, esse assunto renderia muito.

Não sou perfeita, e não QUERO mais me culpar por isso.
Sou tão empoderada, feminista, tão firme quando preciso, luto quando vejo injustiça, brigo com minha mãe pra defender a educação que eu quero aplicar nas minhas filhas, tento fugir da repetição de padrões que repudio, mas ainda me culpo. Por que?
A sociedade culpabiliza tanto a mulher. Chega disso.

Quando me vejo sozinha com elas,  num estado impaciente e exausto, por mais que passe parte do tempo agindo gentil e firmemente, como ensina a disciplina positiva, derrapo. É preciso aceitar nossas derrapadas.
Mais uma noite, nós três, livros, bagunça, banho, escova dentes, tomo meu banho rápido enquanto elas estão brincando sozinhas (taí a vantagem do irmão, que também pode ser um desastre pensando por outro aspecto), volto, louca para ler um livro e deitar ao lado delas. Acabo de ler a historinha, elas adormecem e eu vou ler o meu. Não, a realidade não é essa.
Lidar com a exaustão é o maior desafio na maternidade.
Hoje chorei, chorei para não gritar ou bater. Chorei porque me senti sozinha. Chorei porque cresci, tive filhos. Chorei porque não sabia o que fazer. Chorei porque as amo mais que tudo no mundo. Chorei porque tive medo. Desabei, na frente delas. E fui sincera com elas que me viram aos prantos. Mas chorar é o melhor dos calmantes, é mais do que necessário as vezes, não sei se na frente delas, mas ali eu não controlei.

Depois que Lara pegou no sono, Alicia veio me perguntar quais eram as minhas metas, eu ri, perguntei porque ela estava me perguntando isso. Ela disse que estava numa questão na escola e ela foi perguntar pra professora o que era meta.
Eu ri e respondi. Disse que a minha principal de vida era fazer delas mulheres incríveis e livres.
Ela disse: Igual a você mamãe!
Eu fiquei num misto de supresa e felicidade. Eu estava conseguindo, ela sabia pelo menos que eu me achava, ou tento, me achar incrível, que tento ser o meu melhor pra elas e principalmente pra mim.
E eu consegui responder: Sim!!
Esse blog tem o intuito de tentar livrar da culpa muitas mães que vem aqui me ler, mas na verdade o desabafo maior é pra mim, para EU me livrar. Para eu aprender comigo mesma e com elas.
Eu me livro dessa culpa. Eu tenho muito orgulho de mim.
Repito, mudando o verbo. Não sou perfeita, e não VOU mais me culpar por isso.
Estou lendo um livro chamado "Como criar crianças feministas"da Chimamanda Ngozi, uma autora nigeriana incrível e que fala justamente disso. Vale a pena a leitura.
Não, não adianta, nós não sabemos nada. Eles nos ajudam. Ter impaciência é normal, ficar cansada é normal, não saber lidar com uma situação é normal. Chorar na frente delas pra mim, foi libertador.
Minha noite valeu cada lágrima com a resposta da minha filha, e principalmente com a minha pra ela.












terça-feira, 6 de setembro de 2016




A gente passa a vida construindo...
Construimos castelos na areia, construimos amizades, amores, relacionamentos, aparência e depois se dá conta, com muita dor, que tudo se desconstrói, e você começa a tentar passar o resto da vida que lhe resta...reconstruindo.
Com os filhos é igual. Você passa a vida construindo uma relação que não tem idéia no que vai dar, porque na criação de filhos você adiciona o que vem em você com o que vem neles, o que é inerente.
Eu no momento estou tentando "construir", uma relação de parceria e confiança com minha filha de 7 anos. Essa geração é muito diferente da minha, eles tem outros valores, talvez valores nossos impregnados que passamos pra eles sem saber.
Eles também talvez estejam a um passo no futuro de nós, talvez dois ou três passos, mas vamos admitir, seja bom ou ruim, eles são bem mais precoces.
Estou aprendendo, estou apanhando, não sei o que é certo, o que é errado. Amo simplesmente e ajo, protejo, ensino conforme o que me foi ensinado e aceito no passado, conforme o que me questiono e aplico no presente.
Questiono minha filha, assim como passei a me questionar. Lógico que na sua devida proporção de idade.
Hoje ela repetiu o mesmo erro. Mentiu. E a mentira apareceu. Mentir faz parte deles, seja você uma mãe que grita e perde a paciência ou não.
Perco sim a paciência as vezes, sou humana, me estresso, me canso. Sofro por muitas vezes violência psicológica alheia, isso me altera a mente, os músculos, os nervos, o corpo todo. Por vezes e carregada de culpa, desconto nelas, e raras as vezes que isso acontece,  peço desculpas. Mas não bato! De jeito nenhum. Tenho vontade? Muita!!! Tenho raiva, to exausta, aprendo a lidar com esses sentimentos maternos, mas não bato. Não violento meus filhos fisicamente. Apanhei uma vez quando criança do meu pai e ficou marcado, e eu só fui descobrir o quanto isso me causou danos, agora.
Voltando... ela mentiu e eu descobri. Ela já havia mentido anteriormente, e ainda vai mentir muito eu sei, mas o que quero construir é essa relação de: "Estou aqui pro que der e vier". Numa briga, não é:"Quer ir embora? Vá!! E saiba que se se arrepender eu não estarei aqui!!!" E sim: "Se se arrepender, volta, que eu vou estar aqui pra te apoiar e ajudar porque eu te amo."
Sei lá se esse post parece piegas, mas é o que estou sentindo no momento, e as mães de filhos com 5 a talvez... 20 anos, me entendam!!
Olhei pra ela e perguntei: "Porque você mentiu?"
E a resposta foi a que eu previa: "Medo que você brigasse"
Novamente me questionei: O que será que estou fazendo pra ela ter medo?
Continuei:"Filha, o que te faz ter medo de mim? Se algo causa isso em você me fala pra que eu possa corrigir. A mentira faz com que eu não confie em você, é isso que você quer?"
Ela disse que não. Fiquei arrasada porque se ela tinha medo era porque eu causei isso nela.
Ela simplesmente me olhou, começou a chorar e disse que não sabia porque mentia, mas que sabia que tinha errado e que não queria errar mais. Começou a se chamar se "burra, burra"e eu intervim na hora; "Não!! De jeito nenhum você é burra. Você cometeu um erro e eu estou aqui pra te ensinar que mentir não é bacana, talvez algum momento da sua vida você precise, mas que pra mim você sempre pode falar a verdade. Se isso vai demorar mais 100 conversas, não importa, vamos conversar, mas você pode confiar em mim".
Não sei ao certo ainda o que vai sair dessa "construção", até porque tenho tanto medo de criar expectativas, a vida me ensinou tanto a não cria-las, porque é tão frustrante quando algo não sai como você previu. Digo isso em todos os sentidos da vida. Quero simplesmente a confiança, o amor e o respeito das minhas filhas, e pra isso eu não sossego, nunca paro de me questionar e buscar o material certo pra essa obra.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Por mais humanização

Eu já venho a bastante tempo me perguntando onde eu estava com a cabeça quando sentei naquela sala daquele obstetra e decidi marcar a data e a hora do nascimento das minhas filhas. Sim! Das duas.
Depois que me separei, comecei a me deparar com diversos assuntos tanto no universo feminino, quanto no materno, que deixavam minha mente em ebulição, fervendo de questionamentos e comecei a perceber que quanto mais eu consumia informação, mais eu me via resgatando "traumas".
Hoje estou aqui para tentar passar um mínimo de informação e dizer como é ilógico se fazer sem NENHUMA necessidade uma cesárea.
Sou mulher, mãe de duas meninas, e mais do que ninguém respeito a decisão de cada uma. Não posso nem julgar quem fez, pois estaria no bolo do julgamento. E jamais faria isso.
Não sou ativista, tampouco graduada para falar em termos técnicos e me aprofundar em assuntos que não domino, mas hoje posso falar sobre uma decisão que tomei, levada por falta de informação, falta de apoio vivendo em meio a uma sociedade grosseiramente capitalista.
Costumo dizer que ninguém é vítima, mas pela primeira vez me sinto. Vítima de uma sociedade pela qual nos deixamos levar pela "massa", repetindo padrões, repetindo erros, sendo apáticos, indo no fluxo, sem qualquer tipo de questionamento. As vezes eu me pergunto, no caso das mulheres, se é por medo ou falta de coragem, porque opção tem!!
É muito difícil se questionar, muito difícil sair do lugar comum. Realmente dá medo.
Tenho duas filhas saudáveis, tudo ocorreu "certo", mas dentro de mim mora um fantasma cruel, que vive dia e noite fazendo me deparar com esse arrependimento. Talvez eu repita a palavra "arrependimento" algumas vezes durante esse texto, espero que para as futuras mães que lerem isso, sirva de exemplo.
Hoje posso dizer que tudo que queria era voltar no tempo e ter tido minhas duas filhas de parto humanizado. Com total apoio, afeto, aconchego, liberdade, ciente do meu corpo, mente, orgulhosa da minha coragem e confiança.
Isso sempre me bateu muito forte depois que saí do meu "lugar comum" de cidadã anestesiada. Tarde demais talvez pra mim, mas não pra tentar levar essa informação a todas as mulheres que um dia sonham em ser mãe.
No início cheguei a achar que todas que eram engajadas no resgate do parto humanizado, só estavam ali para fazerem eu me sentir uma bosta por ter feito duas cesáreas. A pior mãe do mundo. Fraca. Mas não. Tenho certeza que passei por tudo isso com algum propósito.
Lendo, vendo documentários, depoimentos e conversando com amigas vi que somos todas vítimas. Cresci achando que parir poderia ser a pior dor do mundo. Cresci acreditando que o mais "seguro" a se fazer para ter seu bebe, era uma cesárea. Não culpo minha mãe, de jeito nenhum, ela teve os direitos e as escolhas dela, mas também tive esse exemplo em casa. Cresci achando que o conforto de uma maternidade cheia de "frufrus", com médicos especializados, aparelhos de última geração, era o lugar mais adequado e seguro para se parir.
Sempre levantei o discurso que não me arrependia de nada, que era a decisão a ser tomada, e a decisão era MINHA!!! Mas não!!!! Tive uma gravidez saudável, corpo saudável, bebês saudáveis, por que uma cesariana???
Porque se você não for atrás, não se informar, é muito difícil ter o apoio necessário para se parir naturalmente. Para muitos médicos, a primeira opção é a cesárea, a maioria não te apoia, não querem deixar de ganhar o que ganham em uma cesárea e não perdem consultas pagas esperando a gestante ligar a qualquer hora para acompanha-la. E repito, não estou aqui para julgar ninguém. Sou simplesmente mais uma mulher nesse mundo que é vítima da regressão que vivemos de uns tempos pra cá. Fico feliz de ver tantos movimentos a favor do parto humanizado sem agressão e pirações de ativistas julgando outras mães que ou optaram ou tiveram a necessidade de realizar uma cesárea. Até porque eu era a do discurso: "Ih não quero sentir dor não, se tenho a medicina tão evoluída por que vou ficar horas em trabalho de parto. Dá licença, eu escolho o dia, já me organizo toda e pronto." E assim foi feito. E por um bom tempo, achei que jamais me arrependeria.
Só queria poder dizer as mulheres e principalmente as mulheres que coloquei no mundo, que quando elas forem moças, que a mãe delas foi brava, guerreira e decidiu com sabedoria a forma mais sublime delas nascerem... mas não posso. Não posso, mas hoje sei que poderia!
Somos tão fortes!! Se tivéssemos consciência da nossa força esse mundo estaria muito diferente.
Hoje tenho 36 anos, ainda penso sim em ter mais filhos e caso isso aconteça, será que é possível ter um parto normal após duas cesáreas?
Escutamos muitas coisas durante nossa gestação, a sabedoria é se aprofundar  e saber o que é mito e o que é verdade. Cordão enrolado no pescoço, não impede um parto normal, o bebê ainda não ter encaixado, não impede um parto normal, e por aí vai.
Também não quero que mães de cesáreas tenham esse arrependimento, isso é coisa minha, cada uma tem a sua liberdade de escolha. Não me considero a pior mãe do mundo, muito pelo contrário, e também sei que minhas filhas jamais me julgarão pela minha decisão, mas acima de tudo quero poder ter a certeza que enquanto eu estiver viva, se elas optarem por ter filhos, terão todo apoio e informação possível para que entendam que parir é natural e não deve causar arrependimentos.
Acho que no fundo, o que falta mesmo para nós humanos é de fato mais humanização, em todos os aspectos da vida. Louco não?


Abaixo deixo um texto que pode servir de incentivo para muitas futuras mamães. Aproveitem e se informem sempre.



http://www.euqueropartonormal.com.br/eqpn/cesarea-x-parto-indices-de-seguranca-baseados-em-evidencias/


segunda-feira, 13 de abril de 2015

O Início


Como já dizia uma amiga minha: "A pior mãe é aquela que não quer ver". Logicamente é uma frase absurda, tanto que nem direi o nome da cidadã, porque ela é fofa sim, mas também comete seus deslizes. E quem não comete? Alias, o que é ser pior e melhor? Certo e errado? Com essas questões, começo meu primeiro post de um blog completamente despretensioso e ainda inseguro.
Resolvi fazer esse blog para compartilhar questões, experiências, filosofias, loucuras, devaneios por que não?com aquelas que como eu, são mães. E quero estender esse convite as mães solteiras (assim como eu), as solteiras sem filhos, as casadas, enfim, as mulheres. E se tiver algum homem lendo, seria realmente lindo de se ver.
Quero passar por todos os eixos, desde o momento em que nos vemos como "Pães", termo comum, corriqueiro, usado para denominar aquelas que, sozinhas precisam assumir na marra a responsabilidade de criar, educar, dar amor, brigar, ser doce, ser dura, ser paciente, aguentar palpites, julgamentos, ser ativa e ainda por cima "tentar" reconquistar a auto estima que queridas, podem acreditar, se ela ali existia, escoou pelo ralo, até o momento em que...sei lá, encontramos o cara da nossa vida e queremos engravidar...dele. Quero falar de tudo!!
Mães que como eu, procuram e tentam oferecer e ser o melhor para nossos filhos.
Aquelas que ultrapassam o limite da barreira do cansaço, da exaustão, isso eu estendo pra todas as mães, casadas, divorciadas ou solteiras, que passam fome, frio, matam e morrem se for preciso. Ser mãe é muito louco né? Assunto bem abrangente. Somente cada uma sabe onde aperta o seu sapato. Sendo muito sincera, eu não tenho idéia onde eu erro ou acerto. Faço, ajo por intuição e amor. Não vem com cartilha. Você vai aprendendo na marra e nunca será bom o suficiente.
Ok!!
É uma delícia ser mãe? Sim, disso todas nós não temos a menor dúvida.
Dá trabalho ser mãe? Sim, disso também não nos resta dúvida.
Mas e quando estamos completamente sozinhas nesse barco que é a maternidade?
Aí minha amiga, mesmo aquelas que tem uma paternidade ativa pós separação, sofrem. Se recuperam, lógico.
Estar sozinha não significa estar abandonada. Encaremos com otimismo e auto estima!!
Não sabia como começar, não sabia até que ponto eu poderia estar "ajudando" ou me expondo demais. Quero poder deixar um legado do meu feminino com as minhas filhas. 


Quero que elas tenham orgulho da mulher que a mãe delas lutou para ser.
Do feminino que só descobri, depois que me separei. E nada tem a ver com meu antigo relacionamento. Longe de qualquer intenção de julgar,  e criar crises e casos. Não faz o meu perfil. E pra mim, não existem vítimas, cada um esta onde esta, porque QUER!!
Mas de qualquer forma acho que posso repassar algo de bom, de criativo e estimulante.
Não estou falando de feminino no sentido vaidoso, frágil, delicado e resignado, como sempre foi rotulado e sim no seu mais íntimo e selvagem feminino. As sombras, os desejos, os anseios, as vantagens, a intuição feminina, forte e escondida. Que muitas mulheres ainda não conseguem enxergar. E não!! Elas não são piores por isso. Elas apenas ainda não descobriram sua força interior que é linda, e de uma grandeza absoluta. Também não estou querendo levantar a bandeira por um feminismo onde mulheres lutam contra homens, não!! Isso inclusive deve acabar. Nesse sentido, irei apenas discutir sobre igualdade de gêneros, igualdade política, econômica e social dos sexos. Na minha mais humilde visão. Não sou expert em nada. 
Mas vejo tantas mulheres que ainda se sentem e até se colocam se forma submissa e inferior, muitas vezes involuntariamente. 
O nome “Liberte a mãe”,  veio no momento em que descobri o que realmente gostaria de focar dentro do blog. Quando me veio a sensação de liberdade única, mesmo dentro da enxurrada de culpas que nós mesmas nos colocamos, mulheres em geral, mas em especial as mães. Como se ser mãe, te privasse de ser você mesma.
A vontade de gritar pro mundo que ninguém tem o direito de me julgar. Para mostrar para essas mães, que a mulher aí dentro, é sim uma mãe incrível, mas que ela precisa ser liberta de qualquer tipo de julgamento, próprio e alheio.
Ser livre, internamente livre, é ser feliz. Ser feliz, é levar para nossos filhos amor, saúde, liberdade, paciência, plenitude, discernimento e sabedoria.

Não sei com que frequência irei postar, ainda estou começando, é quase uma gestação, mas bem no início e por aqui são duas.... as duas dormem e sigo escrevendo...errando, acertando, tentando... e me descobrindo.


sábado, 21 de março de 2015

"Destino: ser menina"




Desculpem a demora, é pensei muito, muito mesmo antes de postar. As vezes sofro desse "mal" que me pegou depois de uma certa maturidade, pensar demais. Eu era mais impulsiva, hoje ainda faço algumas merdas, mas elas são mais raras porque penso muito a respeito antes, mas continuo impulsiva. 
Eu já tinha escrito boa parte desse post, mas nesse tempo entre vivências e pesquisas, tive experiências que não posso deixar de expô-las. Sendo também, que pesquisando, acabei descobrindo matérias com títulos como : 
"2014 foi um ano sexista para a mídia e publicidade."


Tudo foi juntando na minha cabeça e comecei a escrever, tentar colocar pra fora um pouco do que sinto e senti lendo o que li e vi.
Li também coisas como:
 "Se as dificuldades e restrições enfrentadas pelas mulheres no universo do trabalho permanecerem as mesmas no Brasil, as igualdades de cargos e salários entre homens e mulheres só será alcançada em 2081." 
Não sei o quanto disso é verdade, em relação a precisão da data, mas acredito que um dia nós chegaremos lá, e lá eu terei orgulho de ter levantado a minha voz. Assim como fez Emma Watson em "HerForShe" e diversas outras mulheres poderosas, potentes e feministas.


Acredito que a construção dos gêneros, se da através da dinâmica das relações sociais. Os seres humanos só se constroem como tal em relação com os outros. 
Forte exposição à mídia, altera a nossa percepção da realidade social de uma forma que corresponda ao mundo da mídia.
Por isso cada vez mais venho olhando o que eu e minhas filhas consumimos. O que nos rodeiam, o que deixamos entrar na nossa casa.
Lógico que muitas vezes isso foge ao nosso controle, amigos, escola, familiares, um ipad na mão... mas acredito que inevitavelmente a formação se constrói no seu convívio.
Todas nós nascemos praticamente com uma boneca na mão, pronta para para ser cuidada, dar banho, mama, levar pra passear. 
Pra nós mulheres, a função maternidade já vem embutida, mesmo que não tenhamos nenhum sonho em ser mãe um dia. E eu respeito muito as mulheres que optam por não ter filhos. Direito delas.
Apesar de acreditar que mesmo que não tenhamos nenhuma "boneca faz de conta que sou mãe aos 5 anos", essa maternagem infantil é algo instintivo. Nossa própria mãe, espontaneamente já nos cobra netos. Você se vê na escola fazendo brincadeiras de quantos anos você vai casar, quantos filhos vai ter, se o menino popular vai te querer... Não!! Eu que tenho que querer ele.
No fundo nós mulheres, temos sim esse "dom". Dom de acalmar, de acarinhar, cuidar, amar. Longe de mim dizer algo contrário dos homens. Existe muito homem sem o chip patriarcal/machista embutido. Então, que me dê sim uma boneca, que faça valer esse instinto, mas não me faça acreditar que é só isso que sou capaz de fazer ou gostar. Porque sou menina, porque estou designada a cuidar dos filhos, da casa...sozinha, porque o marido trabalha e chega cansado.
Fomos criadas por crenças limitantes, nos rotulam desde pequenos, nos "subestimam", nos fazem acreditar muitas vezes que somos incapazes, preguiçosos, birrentos, mandões, carentes, dependentes.
Crescemos ouvindo o que queriam que ouvíssemos e isso obviamente fica encruado na gente. Por isso educar é tão difícil. Se achar a mãe incorreta é assustador.
Tenho certeza que nossos pais nos criam sem nenhuma intenção de nos limitar, achando que é o certo. Mas cabe a nós, mesmo depois de uma vida ouvindo o que no fundo detestaríamos ouvir, ter a coragem de expor sua personalidade real, quando tudo vir a tona, lutar contra esse sexismo, machismo e até mesmo o feminismo de forma autoritária. Lutar contra essas limitações.
Meninas desde novas, comumente são levadas a um ginecologista se vão dar início a sua vida sexual, é tabu, é idealizado pelos pais, é motivo de dor muitas vezes. Preciso falar dos meninos? Mas isso é criação. Pai machista gera filho machista, pelo menos crescem indiretamente machistas. Mães submissas, geram meninas submissas. Já estamos em 2015, não é possível, mulheres não são inferiores aos homens. Nem superiores. 
Tive um exemplo clássico dias desses numa "área kids" da vida com minhas filhas. Aparentemente um "espaço kids" normal, quando entrei na salinha das meninas, havia um fogão, uma pia, tabuas de passar e prateleiras com ferrinhos rosas de passar roupa.
Educadamente fui saindo dali, tirando Lara dali, quando na saída ela senta num carrinho e entra, um menino de uns 3 anos chega logo em seguida empurrando ela e querendo a tirar dali, eu educadamente lhe disse: 
"Tire as mãos dela seu machistinha de merda!!!" 
Não brincadeira.
Eu falei carinhosamente:
"Ei, calma, um de cada vez, ela já vai sair e aí você brinca. tá bom?" 
E o menino resmunga: 
"Mas por que ela tá aí, ela é menina!!" 
Eu devia ter ficado com a primeira opção. rsrs
Mas é basicamente isso que tento falar. 
97% das princesas são submissas e nossas filhas crescem absorvendo ferozmente a vida delas. Com exceção da Valente, da qual eu sou fã. 
Seja com filmes, seja com roupas ou produtos elas estão por toda parte. Os meninos que crescem assistindo, também podem criar a idéia de que eles sempre chegam para nos salvar. De que? 
Ficam com a idéia, de que só terminamos felizes se arrumarmos um príncipe e casarmos. Por que?


Tive um clássico e por quê não também, belo exemplo dentro de casa. Dentro do que chamam de padrão.
Meus pais foram casados durante 30 anos, e só se separaram porque meu pai faleceu. Durante toda a vida, minha mãe trabalhou, o que acho digno dela, ainda hoje vejo padrões de mulheres que largam suas vidas para viverem as do marido, para serem sustentadas por ele.  
Então, minha mãe se virava para cuidar de mim e do meu irmão, dava aula, pegava trem, mas mesmo assim, devido a vida de mãe/esposa/dona de casa/trabalhadora, não cultivou amizades. Acho que nem tempo pra isso buscava. Não viveu sua individualidade. Ela viveu pros filhos e pro casamento. 
Nunca foi conversado sobre homossexualismo, drogas e sexo dentro da minha casa. Não estou dizendo que meus pais eram homofóbicos, caretas, blá blá blá, de jeito nenhum, eu talvez nem saiba na verdade. Mas talvez não viam "necessidade" de falar sobre. Não os julgo, de jeito nenhum. Temos escolhas nessa vida, as minhas são diferentes. Amo e admiro minha mãe infinitamente. Tenho orgulho e muito carinho por ela, por tudo que fez por mim, por nós, eu e meu irmão. Orgulho do que ela passou para nos criar e todos os valores de bem que foi passado pra nós. Mas não quero repetir o "padrão". Pelo menos o que não me faz feliz. Não quero educar da mesma forma, agir da mesma maneira. Quero ser eu mesma. Aprendendo em cada esquina que me deparo sozinha. Educar da minha maneira, com valores sim que me foram passados, que mantenho em mim, mas com novos valores que a vida me ensinou e que talvez nossas mães não aceitem hoje em dia.
Quero que minhas filhas sejam elas mesmas, e que num futuro próximo, elas mostrem isso para as filhas delas, se optarem por terem filhos lógico. Quero que descubram o verdadeiro significado da palavra liberdade. Que sejam livres, corajosas. Que leiam Simone de Beauvoir. Sartre. Que ouçam de Elis a Tulipa Ruiz. Que conheçam Frida, Camille Claudel, Beyoncé, Anália Franco, Chiquinha Gonzaga, Virgínia Woolf, entre outras.
Que abusem, se lambuzem, arrisquem, e pintem com todas as cores do arco-íris. 







quarta-feira, 18 de março de 2015

Sobre escolhas


Em alguns casos, ser mãe solteira não é necessariamente uma escolha, em outros é a escolha mais certa que fazemos. Sair do lugar comum, da zona de "conforto" ou desconforto. Mas isso é outro post.
Ser mãe solteira é esperar por tudo,  tanta coisa, qualquer coisa.
É recomeçar. Se transformar. Se reinventar. Se aceitar.
É saber que não, você não é mais sozinha, você não tem esse tempo livre, e essa é a sua condição. A não ser que você tenha aquele pai bacana, que faz questão de dividir a "responsa" com você, aí desapega e divide. Vá viver sua vida também mulher. O que torna a relação deles bem mais saudável também.            
Digo isso em relação as mães/mulheres que querem recomeçar sua vida amorosa. Tocar sua vida. As mães/mulheres que por mais que se sintam independentes,  sentem uma leve dependência num sábado a noite depois que eles dormem, mesmo não querendo admitir. As mães/mulheres que querem se maquiar, se vestir, se amaneirar, se pavonear, se aformosear, se ataviar, se adornar, se embelezar, se pôr. Porque sim...elas querem isso e muito mais!!!
Quando somos mães, com papai e mamãe juntos no pacote, sendo "criadas" para sermos esposas e dona de casa, sim porque quando casamos e temos filhos é isso que esperam de nós, e aí depois como num susto nos tornamos simplesmente mães solteiras,  sem o papai a tiracolo, o tempo vai passando e a falta é de alguém que agrade o suficiente, pois já estamos mais exigentes, seletivas, meticulosas, rigorosas, fazemos uma triagem mesmo.
Fiquei cá pensando que namorar uma mãe solteira é melhor do que se imagina, se os homens soubessem disso. Não temos tempo para picuinhas, DR, melodrama, depois de ter se separado e ter filhos pra cuidar, pelo amor de Deus ne? Estamos mais maduras, não fazemos planos para mais filhos, não cobramos atenção, estamos ocupadas demais dando atenção, queremos novidades no sexo, estamos cansadas de blá blá blá, estamos mais calmas e cautelosas com qualquer tipo de relacionamento futuro.
Seja como for, mesmo assim queremos sempre ser acarinhadas, acolhidas. Não que disso dependa nossa felicidade. Bem longe disso.
Namorar uma mãe solteira é saber ser parceiro, e não me venham perguntar o que isso significa. Se eu jogar aqui no Wikipédia ele vem como:
1 – Uma pessoa com a qual compartilhamos algum evento, ação ou empreitada
2 – alguém com quem se faz sexo
3 – alguém com quem se dança
4 – alguém que participa de um par
5 – amigo
Sei lá, eu pelo menos quero algo com tudo isso junto e pitadas de algo mais, as quais eu designarei, eu escolherei.
Tenho certeza que escolhi, mesmo que inconscientemente, todos os “parceiros” que tive, sendo mãe ou não. Não posso reclamar de nenhum deles. Mesmo no auge da minha imaturidade, eu escolhi estar ali. Lógico que, hoje tenho anos luz de sabedoria a mais, do que aquela menina de 19 anos que vestia o uniforme da escola estadual e pegava o busão rumo a casa do namoradinho matando a aula. Mas ela sabia o que estava fazendo, lá no fundo ela sabia. Sabia e era feliz.
Portanto, se você é mãe solteira, saiba fazer suas escolhas. Perdão vou me corrigir: Portanto, se você é mãe, saiba fazer suas escolhas. Errei, vou abranger. Portanto, se você é solteira, saiba fazer suas escolhas. Não, não. Errei de novo. Portanto, se você é MULHER, saiba fazer suas escolhas.
E caso as fizer erroneamente, não se julgue, não deixe que te julguem (vou bater nessa tecla), apenas aceite e saiba que pra cada escolha errada, existe um futuro te esperando para acerta-las.

Lembre-se que mesmo não tendo mais aquela disponibilidade da menina de 19 anos, você precisa aprender a revive-la. E viva, apenas viva novamente como aquela menina que se divertia, e se amava, mesmo fazendo escolhas erradas.